sábado, 16 de janeiro de 2016

No final da tarde o poeta fecha as janelas,
cerra imaginadas cortinas..
encolhe suavemente as asas.
e encara o mundo nas brancas quatro paredes.
O tempo passeia finas unhas no final da tarde.
O poeta mastiga o dia..
Gosto neutro de sua boca que escorreu lerdo, morno,
entre dedos inábeis e leves pancadas de chuva.
No final da tarde, uma sombra se abaixa sobre as palavras.
Sob as palavras, um abismo.
E há ouro no céu de crepúsculo, há um besouro que agoniza na calçada, e ventos...
Ventos vindos do oeste.

(Eunice Arruda)

Nenhum comentário:

Postar um comentário