sábado, 7 de dezembro de 2013

Não quero muitas e nem poucas palavras. Não quero definições e nem quero sentenças. Quero apenas caminhar com sede e ouvir-me silenciosamente, enquanto atravesso essa vida em tumulto, esse alarde, essa insana busca de tudo, para o nada que preciso.

(Aline Binns)


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Enganam-se aqueles que se preocupam com a suposição de que, se forem simples, os outros poderão considerá-los como uma pessoa simplória. Na verdade, é exatamente o oposto: pessoas claras, amorosas, compreensíveis e diretas são as mais simples. 
Se um dia uma pessoa me falasse algo incomum, me ajudaria a seguir em frente. Mas são rançosos, bolorentos; não há emoção. Olhos, ouvidos, pernas, vozes.. mais nada. Congelam-se dentro de si mesmos, se enganam, fingindo que estão vivos. 

Quando servi o exército eu me tornei especialista em bombas. Sei fabricar qualquer tipo de bomba portátil, muito usada por terroristas. A bomba que eu estava fazendo tinha que ter efeito fulminante, para que a vítima nada sofresse. E antes da explosão, era necessário que fosse emitido um feixe de luz radiante que fizesse a vítima perceber a iminência da explosão. A pessoa que eu queria matar era o meu filho João. Minha mulher Jane estava grávida quando fui enviado ao exterior com um contingente do exército a serviço das nações unidas. Fiquei ausente cerca de dois anos. Escrevia constantemente para Jane e ela respondia. Quando o meu filho nasceu e recebeu o nome de João, as cartas de Jane ficaram bem estranhas. Ela dizia que precisava falar comigo uma coisa muito séria, mas não sabia como. Eu respondia impaciente para ela dizer de qualquer maneira, mas ela persistia na falta de clareza, que cada vez piorava mais. Afinal, Jane deixou de responder minhas cartas. Quando voltei da missão da ONU, corri para casa assim que desembarquei no aeroporto. Jane abriu a porta para mim. Seu aspecto me surpreendeu. Estava envelhecida, pálida, parecia doente. “Onde está o João?”, perguntei. Jane começou a chorar convulsivamente, apontando a porta do quarto onde ele estava. Entrei no quarto, seguido de Jane. João estava deitado no berço, um menino lindo, que a meu ver deu um sorriso. Peguei-o no colo. Então, tive uma surpresa que me deixou atônito. João só tinha uma perna e um braço, eram os únicos membros que possuía. Jane estendeu-me um papel, todo amassado, uma receita médica onde estava escrito: esta criança sofre de focomelia, uma anomalia congênita que impede a formação de braços e pernas. Jane cuidava do João com o maior cuidado e com grande carinho. Mas ela definhava cada vez mais e morreu quando João tinha seis anos. Eu dei baixa no exército para poder cuidar do meu filho. Quando eu perguntava se ele queria alguma coisa, ele dizia “eu quero ir para a guerra”. Sua deficiência física se agravava com a idade. Ele tinha 15 anos, mas não podia andar, estava impossibilitado de exercer as mínimas atividades físicas. “eu quero ir para a guerra, papai”, ele pediu mais uma vez. Então decidi que ele iria à guerra. Foi quando preparei a bomba. Com a bomba na mão eu disse: “meu filho, você foi convocado para ir à guerra”. “Obrigado, meu pai querido, eu te amo muito”. Eu o amava mais ainda. Coloquei a bomba na sua mão. “Essa bomba vai explodir. É a guerra”, eu disse. “É a guerra”, ele repetiu feliz. Saí do quarto onde estava. Pouco depois vi o clarão. João também viu esse clarão, feliz, antes da bomba explodir, matando-o. Eu amava o meu filho.

(Rubem Fonseca)
Pois minha imaginação não tem estrada.. Eu não gosto mesmo da estrada. Gosto do desvio; e do desver.
(Manoel de Barros)
Do fundo do sepulcro os ossos falam. O verbo é a imagem das suas tibiezas: e os ossos falam mais da vida que da morte: eis os ossos de reis e de rainhas, de donos da terra e de escravos. Os ossos dos primeiros e dos últimos são ossos iguais a ossos. A eloquência dos ossos, silenciosa, traz mais verdades que provérbios e salmos. Eles falam, e nos contam segredos em parábolas: “quando ossos fecundam outros ossos, quando ossos enterram outros ossos e não vêem o seu sangue em outros ossos. Quando ossos comem carne e deixam ossos a outros ossos, quando ossos matam ossos, é tempo de cegar a carne, e ouvir o silêncio dos vossos próprios ossos.
(Daniel Mazza)

domingo, 6 de outubro de 2013

Ah.. que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada!...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!

Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado...
Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira...
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de fio de ovos e uma garrafa de água.

Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
Pra quê ? Até se me dessem não saberia brincar...
Que querem fazer de mim com estes enleios e medos?
Não fui feito pra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar!...

Noite sempre pelo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho- que amor!...
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor -
Pelo menos era o sossego completo... História! Era a melhor das vidas...

Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
Vamos, vamos! que a minha vida por uma vez se acorde
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...

De que me vale sair, se me desequilibro logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?...
Deixa-te de ilusões,
Mário de Sá-Carneiro! Bom edredom, bom fogo,
E não penses no resto. Já é bastante, com franqueza...

Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. Com a breca! levem-me para enfermaria!
Isto é, pra um quarto particular que o meu Pai pagará..

Justo. Um quarto de hospital, higiênico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível, por causa da legenda...
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda;
E depois estar maluco em Paris fica bem, tem certo estilo...

Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras...
Nada a fazer, minha rica.
O menino dorme.
Tudo o mais acabou.

(Mário de Sá-Carneiro)

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Solidariedade é a dor do outro doendo em mim.

(Aluízio Matos)
"Para ter lábios atraentes, diga palavras doces. 
Para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas.
Para ter o corpo esguio, divida sua comida com os famintos. Para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez ao dia. 
Para ter boa postura caminhe com a certeza de que nunca andará sozinha."

(Audrey Hepburn)
Não se revolte, não esbraveje contra o que não pode controlar. Muitas vezes o mal nos é afastado sem que percebamos. O que hoje lhe parece uma perda irreparável, amanhã pode se tornar um ganho imensurável. 

(Orlando Ferraz)
Você sabe tão bem quanto eu que uma das principais causas do tédio é a estreiteza de nosso destino.Todas as manhãs despertamos iguais ao que éramos na véspera. Ser eternamente o mesmo é insuportável para os espíritos refinados pela reflexão. Sair do próprio eu é um dos sonhos mais inteligentes que um homem pode ter.

(Julien Green)
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos 
como um deus, 
e amanheço mortal..

(Lenine)
Eu quero lhe pedir para que seja paciente,
paciente com tudo o que não está resolvido em seu coração.
E tente amar as perguntas como quartos trancados
e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas,
porque não seria capaz de vivê-las.
E a questão é viver tudo.
Viva as perguntas agora!
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber,
viverá a resposta num dia distante.

(Rainer Maria Rilke)
O POLO NORTE

Na mente, a turbulência,
excesso de pensamentos.
Recheio de abacaxi,
eu jurava que era morango.

Acordei no pesadelo.

Sem sol dentro do peito,
só o vento gelado
o sorriso perdeu a graça.
Janelas em preto e branco.

Posso voar por todo o céu
mas permaneço de muro em muro
Preso no limite imaginário
de um viveiro psicológico.

Com as asas calejadas, deformadas
pelos choques nos fios dentre os postes
ao longo da estrada.
Alta tensão.

Hoje sei onde pousar,
Onde pisar,
O que falar..
O que calar pra preservar o bem estar dentro de mim.

(Mon Mem)
Hoje estou convencido de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém. Essa é a verdadeira experiência de ser livre: ter a coisa mais importante do mundo sem possuí-la.

(Paulo Coelho)
"...As belezas da civilização, as concepções sublimes do gênio humano são incompreensíveis ao selvagem e também a muitos dos nossos concidadãos." 

(Léon Denis)
"...Quero aguardar a catástrofe silenciosamente.
Com o meu cansaço estafante e descomedido.
Pelo excesso das palavras, das mentiras, das ilusões,
dos pesadelos, tantos..
O horizonte se distanciando, longe.. longe..
Quero chorar muito... Quero chorar muito.
Sem nenhum constrangimento.
Sem parar, sem parar.
Quero ser tragado pela realidade
E me esconder na sombra da minha insignificância
Para que num momento distante -- se houver,
Eu possa despertar para um mundo
Agradável e melhor.

(Nilson Oliveira)
O mundo não se divide em pessoas boas e más. Todos temos Luz e Trevas dentro de nós. O que importa é o lado o qual decidimos agir. Isso é o que realmente somos.

(Sirius Black)
Um ser humano é uma expressão de vida, espalha luz e reflete o amor em qualquer dimensão que decida tocar.

(Richard Bach)

terça-feira, 12 de março de 2013

"E quanto a mim? Eu continuo acreditando em paraíso. Mas pelo menos sei que não é um lugar que possa procurar. Porque não é para onde vai, é como se sente por um instante na sua vida enquanto é parte de alguma coisa. E se achar esse momento, ele pode durar para sempre." (A Praia)
Tudo o que somos nasce com nossos pensamentos. Em nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo. (Buda)
Somos uma mistura de sentimentos. Não há uma constante. Tudo muda. Nós mudamos; hoje dizemos não. Amanhã poderemos dizer sim. Não podemos parar, pois cada dia evoluímos. Se até a natureza tem seu ciclo, imagine nós, meros seres humanos. (Márcia Amaral)
"..Coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.." (Arnaldo Jabor)
Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar. (Vincent Van Gogh)
Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansado de bagagens pesadas. Daqui para frente apenas o que couber no bolso e no coração. (Cora Coralina)
De tudo que há de mais importante na vida, creio que o “aprender a se relacionar” com as pessoas é uma das coisas mais importantes na vida. O entendimento das pessoas, dos seus bons e maus atos, auxilia a reduzir o sofrimento e a expectativa sobre elas. Pessoas descontam suas falhas, projetam suas frustações, apontam sua culpa no “outro”. Muitos, às vezes, nem sabem amar (porque não o foram, ou pelo menos, não se sentiram amados quando criança) e são cobrados por isso. Pais que confundem autoritarismo com respeito, o medo com a admiração... Pessoas que nem ao certo, sabem definir o que sentem. Todos sabem que pessoas não são perfeitas, mas na real, são poucos que aceitam este fato! Em geral, são poucos que param para entender o sofrimento, o vazio e as ausências que o “outro” possa ter sofrido em toda sua trajetória de vida. Tento ensinar isso para os meus filhos, que apesar de pequenos, já mostram em certas ocasiões, mais maturidade e simplicidade de encarar os fatos do que muito adulto. Trabalhar o amadurecimento emocional é tão, se não mais importante, do que o intelectual, na minha humilde opinião! (Por AB Like.Miscellaneous)
Não sei onde estou indo, só sei que não estou perdido.. (Legião Urbana)
Tô na fronteira que divide a sanidade e o enlouquecimento. (Sérgio Dall'orto)
Quando te conheci, houve um lugar, um tempo e um sentimento. O tempo ficou marcado. O lugar será sempre lembrado. E o sentimento, jamais terá terminado! (Diêgo Lima)
Educar não é cortar as asas e sim orientar o voo. (Paulo Freire)
Pensamos demasiadamente, sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura, que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá. (Charles Chaplin)
"...E que seja sempre assim: Que eu deixe só o bem que existe em mim." (Fábio de Melo)
Sou apaixonado pela música, pelos poemas.. Sou viciado em filmes, misturo eles com doritos e coca-cola. Adoro a simplicidade, extraio prazer dos pequenos detalhes. O café matinal, o jornal virtual, a canção no rádio, me interessam. A vida pra mim é um dia. A felicidade é um conjunto de dias tranquilos; Vivo pelo amor e confio no meu sentimento.

(Ramon Paes)
O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz o seu saber. (Paulo Freire)
Um brinde a loucura! Um brinde as nossas loucuras! Um brinde a nossa mente louca! Que mente pra gente. Que deseja e acredita que o impossível seja real, e faz questão de viver uma mentira confortável, e porque não dizer saudável. Um brinde a nós loucos, e a essas loucuras que nos mantêm são. Tin-tin (Vandélia Macedo)
As vezes o que as pessoas mais precisam é um abraço e um bom ouvido pra ouvi-las... (Erick Brisola)
O CÉTICO E O LÚCIDO... No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro: - Você acredita na vida após o nascimento? - Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. - Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde. - Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida? - Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. - Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca. - Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. - E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. - Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto. - Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui. - Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. - E, afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão. - Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós. - Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está? - Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria. - Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma. - Bem, mas, às vezes, quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando ou sente como ela afaga nosso mundo. (Theresa Calonge)
E os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música. (Friedrich Nietzsche)
O essencial é saber ver, mas isso, triste de nós que trazemos a alma vestida, isso exige um estudo profundo, aprendizagem de desaprender. Eu procuro despir-me do que aprendi, eu procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desembrulhar-me; e ser eu. (Alberto Caeiro)